Um caso envolvendo o jogo “Baleia Azul” mobiliza autoridades em Adamantina. A confirmação foi obtida ontem (24) pelo site de Adamantina SIGA MAIS junto a autoridades ligadas à escola onde estuda um adolescente de 15 anos, suspeito de participar do jogo.
A situação levou ao acionamento de outras organizações locais, como a Polícia Civil e o Conselho Tutelar, além de serviços de psicologia. A ação integrada visa barrar a evolução do participante, no jogo, cujas provas podem levar os participantes ao suicídio.
Segundo apurado pelo SIGA MAIS, antes mesmo do jogo Baleia Azul o adolescente já apresentava histórico de sinais que demandariam uma atenção especial. Essa fragilidade emocional e comportamental teria sido o trampolim para ingressar no jogo.
O adolescente relatou às autoridades que estava em estágio avançado do jogo, o que poderia levar a concluir o desafio, com desfecho trágico. Seu celular foi alvo de investigação, na tentativa de rastrear as conversas. Essa demanda está sendo tratada pela Polícia Civil de Adamantina.
Ainda de acordo com relatos do adolescente às autoridades locais, o jogo teria outros participantes ativos em Adamantina. As autoridades locais envolvidas com essa temática trabalham conjuntamente, em rede, neste e em outros possíveis casos.
As autoridades sinalizaram a possibilidade de internação – mesmo que compulsória – do adolescente, com o propósito de preservar sua própria integridade, além de condicioná-lo a tratamento especializado.
Delegada fala sobre investigação
Em entrevista ao jornalista Rogério Pires, no Jornal do Meio Dia (Life FM de Adamantina), a delegada de polícia da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), Patrícia Tranche Vasques, que também atua na investigação de crimes e proteção a crianças e adolescentes, confirmou publicamente a existência de um caso, sob investigação, e a suspeita de um segundo participante da cidade.
De acordo com a delegada, o caso chegou até a DDM na tarde desta segunda-feira (24), por meio do Conselho Tutelar de Adamantina. “Ficamos alarmados”, disse. O adolescente se auto-lesionou e compartilhou com amigos que estaria participando do desafio “Baleia Azul”. A partir esse relato, a informação chegou às autoridades, que iniciaram mobilização para atuar no caso. Os pais do adolescente foram chamados à delegacia na manhã desta terça-feira (25).
A ocorrência de casos têm levado as autoridades a se dialogarem, e buscam informações e estratégias para atuar, investigar e punir. A preocupação da delegada, revelada no Jornal do Meio Dia, é o registro de que os participante do jogo têm pulado etapas, no conjunto de tarefas, para concluir mais rapidamente a série de desafios.
Ela adiantou que a linha de investigação se concentra na tentativa de identificar o curador do desafio (aquele que passa instruções e desafios aos participantes). Porém, não relevou maiores detalhes sobre a dinâmica da investigação. Sobre eventuais penalidades, a delegada explicou que o curador, caso identificado, pode responder por ameaça e organização criminosa, entre outros crimes, o que pode ser agravado, de acordo com as circunstâncias do ameaçado, como lesões mais graves, tentativa de suicídio ou suicídio.
Orientações aos pais
Em relação à dinâmica do desafio da “Baleia Azul”, a delegada Patrícia Vasques orientou que os pais fiquem atentos às rotinas dos filhos, e busquem ter acesso ao celular, às redes sociais e outros meios de comunicação usados. Ela pediu especial atenção às redes sociais, que são porta de entrada para a abordagem, pelos aliciadores.
Feito o contato – diz a delegada – os aliciadores ou curadores iniciam a abordagem, ameaçando os participantes com a revelação de dados e ameaças, que se estendem aos familiares. Dentro do desafio, são fixadas 50 tarefas, durante 50 dias, e a última delas é atentar contra a própria vida.
Além de recomendar que pais e responsáveis passem monitorar as redes sociais, celular e outros meios, a delegada alertou para sinais que podem ser identificados nos filhos, e são um alerta, neste caso, como o uso de blusas para encobrir o corpo e ocultar as partes lesionadas, novos hábitos como assistir filmes de terror repetidamente, e sair pela madrugada.
Privacidade dos filhos
Sob o argumento da privacidade, a delegada citou que muitos adolescentes se trancam em seus computadores e celulares protegidos por senhas e barreiras que dificultam uma vigilância e monitoramento pelos pais ou responsáveis. “Onde já se viu um adolescente ter um celular e você não ter a senha. Privacidade? Os pais têm o pátrio poder e respondem por todos os atos da vida civil da criança e do adolescente”, destaca.
A atenção também se aplica ao grupo de convivência, amigos, familiares e ambiente escolar, que se estiverem atentos e informados, podem contribuir decisivamente e inclusive ajudar a salvar vidas. “Fiquem alertas: são vidas que podem estar indo embora, em razão dessa que é uma maldição para as famílias”, ressaltou.
Ela colocou o telefone da DDM à disposição, pelo número (18) 3521-3444. A DDM funciona de segunda a sexta-feira, das 8h ás 18h. Sem situações fora desse horário, a orientação é buscar o plantão da Polícia Civil. “A Policia Civil precisa do apoio dos pais e dos familiares para poder investigar. Nós precisamos de informações para trabalhar”, completou. (sigamais.com)