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Dória prorroga quarentena até 22 de abril para todas as cidades do Estado de São Paulo

Governador de São Paulo, João Doria, em coletiva da imprensa sobre o coronavírus nesta segunda-feira (6) — Foto: Reprodução/Governo de São Paulo

Na véspera do último dia de vigência do Decreto Estadual Nº 64.881 de 22 de março último, que determina período de quarentena nas 645 cidades do Estado de São Paulo como medida de enfrentamento à disseminação do novo coronavírus (Covid-19), o governador João Dória decidiu ontem, segunda-feira (6), prorrogá-lo por mais duas semanas, até o dia 22 de abril.

O atual decreto de quarentena está vigente desde 24 de março, com efeitos até esta terça-feira, 7 de abril. O novo período de quarentena começa dia 8 e segue até 22 de abril, o que deve manter o isolamento da população e atividade econômica paralisada, sendo mantidas apenas as atividades essenciais. O anúncio foi feito em coletiva à imprensa, iniciada às 12h30, no Palácio dos Bandeirantes.

Os detalhes da decisão foram alinhados na manhã de segunda-feira em uma reunião comandada por Dória, selando o novo período da quarentena e as medidas que foram tomadas face ao novo período que se inicia, em que a escalada de casos será inevitável, com previsão de  “aceleração descontrolada” de casos.  

Segundo informa o governo paulista, a decisão foi tomada após reunião com 15 médicos do Centro de Contingência do coronavírus, que apontaram que o contágio já chegou a cem cidades paulistas e mais de 400 hospitais públicos e privados. Projeções apontam que prolongar o distanciamento social pode evitar mais de 160 mil mortes em todo o Estado. “A prorrogação da quarentena será feita por mais 15 dias, do dia 8 até o dia 22 de abril, em todo o Estado e pelas razões que foram largamente expostas por cientistas, médicos e especialistas. Prefeitas e prefeitos terão o dever e a obrigação de seguir a orientação do Governo do Estado. Isto é constitucional, não é uma deliberação que pode ou não ser seguida”, afirmou o governador.

A decisão segue orientação da OMS (Organização Mundial da Saúde), da Opas (Organização Pan-americana de Saúde), do Ministério da Saúde e do Centro de Contingência do coronavírus de São Paulo, formado por epidemiologistas, cientistas, pesquisadores, infectologistas e virologistas sob a coordenação do médico David Uip.

Conforme projeção do Instituto Butantan, centro de pesquisas biomédicas vinculado à Secretaria de Estado da Saúde, a prorrogação da quarentena pode evitar 166 mil óbitos em São Paulo, além de 630 mil hospitalizações e 168 mil internações em UTIs.

A extensão da quarentena também é importante para que o Estado organize a rede pública de saúde ao número crescente de doentes. Já foram ativados 1.524 novos leitos de UTI em hospitais estaduais, municipais e filantrópicos. Além disso, o Governo de São Paulo prepara a implantação de um hospital de campanha no Complexo Esportivo Ibirapuera, na capital.

Dória manda prefeitos cumprirem a medida e a acionar a Polícia para garantir a quarentena

Em sua fala, o governador João Dória impôs mais rigor e determinou que os prefeitos de todas as cidades paulistas deverão cumprir as medidas e garantir o atendimento às restrições, nas cidades. Para isso, citou que os prefeitos poderão acionar a Polícia Militar diante de qualquer situação de desobediência. “Nenhuma aglomeração de nenhuma espécie em nenhuma cidade de São Paulo será admitida. As Guardas Municipais ou Metropolitanas deverão agir e, se necessário, recorrer à Polícia Militar para que imediatamente possa haver a dissipação de qualquer movimento ou aglomeração de pessoas. Esta é uma deliberação que deverá ser rigorosamente seguida pela população do Estado de São Paulo na defesa de suas vidas e de seus familiares”, acrescentou Doria.

São Paulo tem 275 óbitos e 4.620 casos

O Estado de São Paulo registrou neste domingo (5) um total de 275 óbitos pelo novo coronavírus e 4.620 casos confirmados para o Covid-19. Segundo o portal oficial do governo paulista, os números significam um aumento de 180% em comparação ao balanço do dia 29 de março, quando eram 98 vítimas fatais. Já o número de casos confirmados pela doença chegou a 4.620.
Os óbitos concentram-se em 33 cidades, com maior número na Grande São Paulo. Apesar disso, crescem os números no interior do Estado. No domingo houve confirmação da primeira morte em Bauru. Também há pelo menos uma vítima fatal nas regiões de Araçatuba, Ribeirão Preto, Campinas, Baixada Santista, Presidente Prudente e Sorocaba.

Os municípios e respectivos números de mortes são: São Paulo (220), Guarulhos (5), São Bernardo do Campo (5), Campinas (4), Santo André (3), Cotia (3), Osasco (3), Taboão das Serra (3). Americana, Mairiporã, Santos e Sorocaba têm duas mortes cada. Há ainda um óbito confirmado em cada cidade a seguir: Arujá, Barueri, Bauru, Caieiras, Carapicuíba, Cravinhos, Diadema, Dracena, Embu das Artes, Francisco Morato, Franco da Rocha, Itapecerica da Serra, Itapevi, Jaboticabal, Mogi das Cruzes, Nova Odessa, Penápolis, Ribeirão Preto, São Caetano do Sul, São Sebastião e Vargem Grande Paulista.

As 275 vítimas somam 157 homens e 118 mulheres. Do total, 236 tinham idade igual ou superior 60 anos. As demais incluem pessoas com menos de 60 com comorbidades que, assim como os idosos, representam grupo mais vulnerável a complicações da COVID-19.

Cenários

O cenário epidemiológico de São Paulo em relação ao coronavírus é, no momento, melhor que em relação a outros países. O Governo do Estado decretou quarentena apenas 26 dias após o primeiro caso, quando havia 810 infectados e 22 mortes. Com isso, a curva de casos apresentou tendência de achatamento.

Na Itália, por exemplo, a quarentena foi decretada 49 dias do primeiro caso, já com 47.021 casos e 4.032 mortes, e mesmo assim a curva de contágio continuou crescente. O mesmo ocorreu na Espanha, onde a quarentena começou 45 dias depois do primeiro caso, quando havia 11.826 casos e 533 mortes.

Em São Paulo, o distanciamento social está ajudando a mitigar a transmissão de casos. As pessoas estão tendo menos contato entre si e, com isso, a taxa de contágio por COVID-19 caiu. Segundo estudo do Instituto Butantan em parceria com o Centro de Contingência, de acordo com os dados epidemiológicos disponíveis, antes das medidas de restrição, a velocidade de transmissão do vírus era de uma para seis pessoas. No dia 20 de marco, esse número caiu para uma para três. No dia 25, já era de uma para menos de duas. Mas somente quando a taxa for menor do que um para um poderá se dizer que a epidemia foi controlada.

A redução do contágio permitiu retardar o pico de internações nos hospitais da cidade de São Paulo, que ocorreria já na primeira semana de abril se nada tivesse sido feito. Conforme projeções do Instituto Butantan em parceria com a UnB (Universidade de Brasília), haveria mais doentes por coronavírus do que leitos necessários no SUS de São Paulo, e seria preciso acrescentar 20 mil novas vagas, das quais 6,5 mil de UTI. O sistema, portanto, iria colapsar.

Ainda conforme as informações do estudo, com 66% dos paulistanos em suas casas após 23 de março, houve expressiva redução de pacientes com quadros pulmonares internados em hospitais. Mas o isolamento diminuiu nos últimos dias. Em 2 de abril, era de 52,4% na cidade de São Paulo e de 51,8% no Estado.

 “Esses resultados positivos reforçam a importância das medidas de afastamento social adotadas. A evolução da epidemia indica claramente que as medidas têm que ser mantidas, e a adesão da sociedade, reforçada. O Centro de Contingência avalia diariamente o impacto das medidas na mobilidade das pessoas, e a constatação é que ainda existe espaço para melhoria. Neste momento crítico da epidemia, a única medida efetiva ao nosso dispor é o distanciamento social”, afirma o médico David Uip. (com informações do Portal Sigamais)

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