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Clientes de empresa de energia solar com sede em Presidente Prudente alegam prejuízos que ultrapassam R$ 1 milhão

Dono da Solar Power Photovoitaic, Douglas Andrade, se apresenta, em uma rede social, como ‘o maior vendedor do WhatsApp’ e diz ter ‘mais de R$ 223 milhões’ vendidos com o aplicativo.

Dezenas de clientes de uma empresa sediada em Presidente Prudente (SP), que presta serviço de instalação de placas solares e geradores para energia fotovoltaica, estão recorrendo à Polícia Civil e à Justiça para conseguir receber os equipamentos e serviços pelos quais pagaram, mas não foram feitos. Pessoas de várias cidades do Oeste Paulista e até de outros estados alegam que fizeram investimentos que, ao todo, ultrapassam R$ 1,2 milhão.

O analista de suporte e gestão Murilo Gonçalves Leite, por exemplo, conseguiu fechar um contrato para instalar um sistema de energia solar na residência onde mora, em Presidente Prudente. Quando foi escolher uma empresa, ele decidiu optar pela Solar Power Photovoltaic, que tinha sede no município. Foram pagos R$ 13 mil à vista, para aproveitar um desconto de quase R$ 3 mil.

“Eu tinha amigos que trabalhavam lá, tinham boas referências, no próprio bairro, tinham referências também de empresas, uma das maiores que eu vi, em [Presidente] Prudente”, relatou.

Foi dado o prazo de 90 dias para a instalação, mas o período não foi cumprido. O analista buscou a empresa para reivindicar que a instalação fosse realizada e, depois de dois meses, foi instalado apenas o inversor. As placas solares, que correspondem a metade do valor investido, no entanto, nunca chegaram.

Vítimas alegam prejuízo de mais de R$ 1 milhão com empresa de energia solar — Foto: Reprodução/TV Fronteira

“Foi um investimento, entre aspas, que a gente havia pensado, que se frustrou. O sentimento é de ser passado para trás”, complementou Leite.

A supervisora de atendimento ao cliente, Márcia Almeida, moradora de Salto (SP), fez um investimento que ultrapassa os R$ 60 mil. Ela não recebeu nada: nem o inversor, nem as placas.

“O primeiro prazo seria de dezembro para janeiro, na verdade, porque eles falaram que era mês de chuva, que podia atrapalhar em relação às instalações. Em janeiro, quando o meu marido mandou os documentos, tudo certinho, para darem o início, [a empresa] identificou, em uma conversa, que não seria possível [realizar] a instalação, na forma que estava o documento, que precisaria fazer alguns ajustes. Quando foi no finalzinho de abril, eu comecei a desconfiar pelas informações”, relatou Márcia.

A supervisora, inclusive, chegou a fazer contato com a empresa por um número de telefone diferente, como se fosse uma nova cliente.
A imagem mostra que a vendedora deu um prazo de 45 dias a 90 dias para a entrega, mas, ao ser confrontada sobre o problema referente aos contratos que não foram cumpridos, disse que a “Solar Power não está fazendo novos contratos” e que estes estão sendo repassados para “empresas parceiras”. Veja abaixo a imagem da conversa:
Vítima entrou em contato com a empresa através de outro telefone e recebeu prazo de até 3 meses para a instalação — Foto: Reprodução/TV Fronteira

No Estado de Mato Grosso do Sul, outra cliente, que pediu à TV Fronteira para não ser identificada, fechou contrato com a empresa e chegou até a vender um carro para custear o sistema e diminuir a conta de luz. A entrega e a instalação não ocorreram.

“Aqui no Mato Grosso do Sul é muito quente. E eu tenho uma doença de pele que causa lesões dolorosas difíceis de sarar e que pioram com o calor e com o suor”, relatou a vítima à TV Fronteira.

Todas as vítimas buscaram a empresa com o objetivo de conseguir uma justificativa para o não cumprimento do contrato.

“Quando a gente começou a questionar os vendedores, eles diziam que a instalação estava atrasada por conta da chuva e que a empresa não ‘tava’ respondendo porque a demanda ‘tava’ muito alta. Foi quando algumas vítimas começaram a ir no endereço da Solar PP e lá eles descobriram que a empresa tinha fechado”, mencionou a vítima anônima.

Murilo Gonçalves Leite disse à TV Fronteira que foi ao Procon, mas, ao chegar ao local, tomou conhecimento de que havia várias outras denúncias contra a empresa. Leite, então, recebeu uma orientação para procurar os seus direitos.

Algumas vítimas, que tiveram problemas com a empresa, montaram grupos em redes sociais para compartilhar informações e cobrar o cumprimento dos contratos.

Quase 200 famílias integram estes grupos e o prejuízo estimado ultrapassa R$ 1,2 milhão.

Orientações

A Polícia Civil já recebeu registros de ocorrências envolvendo a empresa e apontou à TV Fronteira que existem aspectos importantes a serem ressaltados: um é a questão contratual e financeira, que deve ser analisada pela Justiça por meio de ações cíveis. Já na esfera criminal, é preciso investigar se houve má-fé e intenção em vender algo sem a possibilidade de entrega.

O delegado Matheus Nagano da Silva disse, em entrevista à TV Fronteira, que, em princípio, a polícia não trata os casos como crimes de estelionato.

“A gente tem que saber as circunstâncias em que houve esse inadimplemento do contrato. O empresário pode alegar ‘n’ motivos, ele pode alegar que sofreu uma dificuldade financeira, que alguns produtos estão retidos na alfândega. Então, a gente tem que demonstrar o dolo. O que a gente orienta, inicialmente, é que [a vítima] vá aos órgãos de defesa do consumidor, para checar o motivo deste inadimplemento ocasional dos contratos, e, não sendo possível, não tendo uma resposta satisfatória, que ingresse com uma ação judicial, na área cível, pedindo a reparação do dano ou pedindo a obrigação de fazer, que cumpra aquela parte do contrato“, afirmou.

‘O maior vendedor do WhatsApp’

O perfil do dono da empresa, Douglas Andrade, também está ativo nas redes sociais. Ele se apresenta como “O maior vendedor do WhatsApp” e diz ter “mais de R$ 223 milhões” vendidos por meio do aplicativo de troca de mensagens.

O empresário ainda comercializa palestras do “Método Douglas Andrade” de vendas e dá dicas que considera infalíveis para “fidelizar clientes”, sobre “como evitar erros” e fazer sucesso.

Dono da empresa, Douglas Andrade, alega ser o ‘maior vendedor do WhatsApp’ — Foto: Reprodução/Instagram

Solar Power

Em nota à TV Fronteira, Douglas Andrade se posicionou dizendo que tem “seis mil instalações em todo o Brasil e que questões operacionais e comerciais, com fornecedores, foram responsáveis pelo atraso na entrega de alguns clientes”.

A nota também alega que a empresa está dispensando todos os esforços para regularizar a situação com os clientes.

Sobre a dificuldade relatada pelas vítimas, a Solar Power Photovoltaic informou que “todos os canais de atendimento ao consumidor estão mantidos”. (Por Murilo Zara e Mateus Rosa, TV Fronteira)

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