Imagine que você está executando uma tarefa e, ao final dela, considera que há um detalhe que não está bom. Mesmo que as opiniões a sua volta sejam contrárias, você não se convence e decide refazer o trabalho todo. Tudo bem. É importante, em algumas situações, reconhecermos quando uma tarefa necessita de melhoria ou de revisão.
Contudo, muitas pessoas não conseguem identificar quando ultrapassam a linha divisória do bom senso e, aquilo que consideram um desejo de aprimorar ou uma busca por excelência, pode encobrir um comportamento perfeccionista.
Um profissional perfeccionista considera que seu desempenho nunca está satisfatório devido a um padrão muito alto, estipulado por ele mesmo. Assim, para atingir este patamar, há um gasto de energia mental que, invariavelmente, culmina em frustração, já que o alcance deste padrão é ilusório. Este descompasso entre expectativa e realidade, quando não assimilado como parte do ciclo evolutivo, mina a autoestima e a autoconfiança.
No perfeccionismo, a busca incessante pelo ideal de desempenho, camufla o receio de falhar, de ser julgado pelas imperfeições, que aliás só a própria pessoa percebe, ou de ser rejeitado por não ter alcançando o nível idealizado. Essa auto-crítica excessiva torna-se um obstáculo para o próprio crescimento, pois qualquer desafio que se coloca em sua vida parece assustador.
A necessidade de ser impecável naquilo que faz tem origem na infância. Pais com exigências altíssimas, muito críticos, sem respeitar o tempo de desenvolvimento da criança, faz com que ela atenda a tais imposições como forma de sentir-se reconhecida e amada. Assim, não é difícil que este comportamento se repita ao longo da vida projetado em outras figuras como o chefe, o professor, etc.
Por um lado, o desejo de aprimorar é parte do desenvolvimento do ser humano e é importante esta busca. Há profissionais que tem feitos notáveis como resultado de disciplina e organização. Contudo, torna-se prejudicial quando não há um respeito pelas próprias limitações, inerentes a qualquer ser humano. O perfeccionista sempre faz uma comparação com o outro, levando-o a uma autocrítica constante, o que dificulta o reconhecimento dos avanços em si ou de aceitar os erros como parte do processo.
Esta insegurança pode leva-lo a uma exaustão, pois, para alcançar a perfeição, se preocupa com muitos detalhes, gastando um tempo maior do que o necessário, já que considera que seu trabalho nunca está bom o suficiente. O custo emocional é tão alto quanto sua autoexigência e, por isso, é comum ficar sobrecarregado.
Esta sobrecarga impacta a saúde mental elevando os níveis de estresse, desenvolvendo quadros de ansiedade, depressão ou a Síndrome de Burnout, caracterizada pelo cansaço extremo. Além disso, a procrastinação também pode ser observada, pelo medo de fracassar ou de ser avaliado negativamente.
Encontrar o equilíbrio mental e emocional é um desafio, porém possível. O ponto de partida é o autoconhecimento que nos liberta da necessidade de atender o desejo do outro e tem como base o autorrespeito. (Por Joselene L. Alvim-psicóloga – G1 PP)